Análise: Papers Please (PC)
Foto: Papers Please |
Lançado em 2013, o jogo independente foi desenvolvido pelo estúdio Lucas Pope, para Windows, OSX, Linux e iOS. Nesse puzzle de estratégia, o jogador é um agente de imigração de fronteira, que a analisa a documentação necessária para entrar em Arstotzka, um país fictício.
Ao longo dos dias, as regras de imigração do país mudam, e o jogador deve ficar atento com as documentações em busca de coisas fora do comum, permitindo ou não a entrada em Arstotzka.
Um recorte da realidade?
Arstotzka, retratada em Papers Please, se assemelha muito a um país do Leste Europeu durante a Guerra Fria. As semelhanças não negam, contudo, oficialmente, nada é confirmado. Pode parecer que o jogo não tem "história", pois o único papel do jogador é analisar documentos e carimbar passaporte.
Entretanto, a cada novo dia, um jornal de notícias mostra a situação cada vez mais tensa entre Arstotzka e seus vizinhos de fronteira. E esses pequenos problemas refletem em seu trabalho diário, chegando ao ponto de você tem que escolher entre o certo e o errado. E o que é o certo e o errado para você?
Ficar ao lado do seu país ou lutar contra e manter o bem estar da sua família? Papers Please é um jogo riquíssimo em história e gera reflexão ao jogadores.
Além disso, mesmo sendo classificado como um puzzle de estratégia, o jogo também abre espaço para que o jogador tome decisões. Cada decisão, gera um final diferente.
Ao todo, consegui quatro finais diferentes, sempre retomando do ponto salvo para continuar a história de um modo diferente.
O jogo possui 20 finais diferentes, sendo que apenas um é considerado o "oficial", porém nada impede que seu jogo acabe de uma forma diferente do que eles consideram "o melhor fim".
Junto com o modo história, Papers Please também possui um modo "Infinito", onde o jogador joga sem parar, repetindo as ações quando o jogo aumenta a dificuldade.
Estilo retrô
A arte de Papers Please é visualmente característica. Com uma cara retrô e imagem pixelada, o jogo trabalha com o simples, o que até pode remeter aos anos 80.
Contudo, mesmo sendo algo planejado, os gráficos podem atrapalhar um pouco a jogabilidade. Isso porque, temos de conferir se a foto dos documentos condiz com a realidade. Muitas vezes, devido ao desenho descuidado do jogo, não consegui identificar se estava certo ou não.
Quando o assunto é música, o jogo não inova muito: só tem uma música o jogo todo, no menu inicial. Ela é bem marcante e traz uma sensação nacionalista, como um hino.
Foto: The Verge |
Outra questão é a "fala" dos personagem. Eles emitem uns grunhidos que não significam nada, dessa forma, o jogo coloca balões com as falas.
Esse é um ponto bastante negativo: esses grunhidos são incômodos depois de um tempo e não acrescentam nada, pois o jogo já oferece a legenda das conversas. Mesmo com a intenção de mostrar que Arstotzka tem uma língua própria, os sons viram ruídos.
Portanto, mesmo trabalhando a ideia de uma jogabilidade e gráficos simples, muito da simplicidade de Papers Please acaba interferindo na jogabilidade e deixando o jogo monótono. Ele tem tudo para ser aquele game que zeramos em um dia só, mas cansa depois de um tempo.
Uma pena, já que a história pode ser refletida até nos dias de hoje.
Papers Please
Lucas Pope (2013)
8.0
Gráficos: 7
Jogabilidade: 9
Diversão: 9
Som: 7