Análise: IT - Capítulo Dois, o terror sem novidades - BetaQuest

Análise: IT - Capítulo Dois, o terror sem novidades

Legenda/ Foto: Divulgação/ UOL

It 2, filme baseado na obra de Stephen King, chegou aos cinemas brasileiros na última quinta-feira. Com um elenco recheado de estrelas, como James McAvoy, Jessica Chastain, Bill Skarsgard e Jay Ryan, a obra traz a conclusão para história do Clube dos Perdedores e do palhaço Pennywise.

27 anos depois dos eventos do primeiro filme, o palhaço Pennywise retorna para Derry e começa a fazer novas vítimas. Cabe a Mike Hanlon, o único membro do Clube dos Otários que permaneceu na cidade, reunir seus amigos para deter o monstro mais uma vez.

Um dos pontos mais aguardados do filme era o reencontro do público com o grupo de protagonistas, agora em suas versões mais velhas. Como já era esperado do elenco, o "novo" Clube dos Otários não deixa a desejar e assume com tranquilidade o papel inciado pelos atores mirins no primeiro filme.

A maneira como cada um dos personagens é introduzido nos dias atuais é muito bem elaborada. Em pouco tempo somos apresentados às suas novas vidas. Todos parecem ter seguido em frente, anos depois de vencerem a criatura. Isto, é até ouvir o chamado de Mike.

É interessante ver como as experiências da infância afetaram a vida dos personagens enquanto tornavam-se adultos. Bil, por exemplo, após todos os eventos traumáticos de sua infância tornou-se um escritor de livros de terror muito popular, mas que desagrada a todos pelos finais de suas histórias. Uma clara referência a Stephen King.

Entre os destaques esta a atuação do comediante Bill Hader. Ele interpreta a versão mais velha do boca suja, Richie Tozier. Hader é quem dita o tom de humor ao lado de James Ransone, a versão mais velha de Eddie Kaspbrak. Os dois realmente parecem velhos amigos de infância que acabaram de se reencontrar.

Legenda/ Foto: Divulgação/ UOL

Terror e o passado

Retornando à cidade de Derry quase três décadas depois, Pennywise continua a aterrorizar a população. O ator Bill Skarsgard, por sua vez, mantém o nível de atuação e os trejeitos que deram a ele o destaque no primeiro filme. No entanto, boa parte da sensação de suspense que se tem em torno do personagem é perdida.

Esse fato é fácil de entender quando se percebe que o vilão não é mais um personagem a ser introduzido ao público. Para atenuar essa sensação, o filme tenta estabelecer uma premissa logo no começo. As memórias daqueles que se afastam de Derry tendem a ser alteradas.

Assim, quando são convocados por Mike a se reunirem novamente, os Otários já não lembram com clareza dos eventos de 27 anos atrás. Boa parte da trama gira ao redor da ideia de que os personagens devem revisitar o passado para poderem derrotar Pennywise.

Dessa maneira temos um reencontro em flashbacks com as crianças do primeiro filme. São momentos que ajudam a compreender parte da trama que não havia sido contada no primeiro filme. Esses momentos também servem para dar andamento à história.

Em relação ao terror, a fórmula continua a mesma do primeiro capítulo. Mais uma vez manipulando os medos dos protagonistas, o vilão vai atras de cada um deles e faz com que se lembrem de seus traumas do passado.

Novamente, a produção investiu em grandes efeitos especiais para transformar Pennywise nas mais diversas criaturas assustadoras possíveis. Porém, os resultados assustadores perdem parte do impacto devido ao uso de momentos previsíveis de susto e da reciclagem de temas repetidamente.

Nesse ponto também vale ressaltar que a história pouco acrescenta de novidade ao público. Personagens como Bill, Ben e Beverly continuam a ser assombrados pelas mesmas questões do primeiro filme, perda, insegurança e família.

Richie ganha mais uma vez um papel de destaque. O personagem é o único que parece lidar com novas problemáticas. Revisitando seu passado, o público entende um pouco mais de sua personalidade e cria mais empatia com ele.

Legenda/ Foto: Reprodução
O ponto alto do filme vai para a batalha final que também revisita cenários do primeiro filme. É o uso de plot-twists e de mais efeitos especiais que ajudam a construir uma atmosfera mais fluída diferente do resto do filme. Aqui o objetivo dos protagonistas está apenas em derrotar o vilão.

Resultado final

Por querer abordar com detalhismo a trama, a obra de Andrés Muschietti torna-se repetitiva e prolongada em determinados momentos. Como resultado, os sustos proporcionados decorrem mais dos efeitos especiais e do suspense inerente à figura do vilão do que de construção da trama em si.

Assim, o mesmo vale para o elenco do filme. Pois apesar de atuarem bem, a trama proporciona às estrelas do filme poucos momentos de destaque. Portanto, mesmo sendo uma produção de qualidade e que pode agradar os seus fãs, IT 2 é a repetição da fórmula de seu sucessor sem uma grande evolução.

It - Capítulo Dois

Andy Muschietti (2019)



8.6


Enredo: 8.5
Visual: 9.0
Som: 8.5
Coerência: 8.5

Revisado por:

Pedro Fonseca

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