Análise: Man of Medan se inspira em Until Dawn mas erra a mão - BetaQuest

Análise: Man of Medan se inspira em Until Dawn mas erra a mão

Foto: Divulgação/The Dark Pictures

Para os amantes de Until Dawn, o anúncio da antologia The Dark Pictures trouxe muita empolgação. O primeiro jogo de saga de terror, Man of Medan foi lançado no dia 30 de agosto com muita expectativa.

Desenvolvido pela Supermassive Games e publicado pela Bandai Namco, o jogo é um drama interativo e survival horror lançado para Microsoft Windows, PlayStation 4 e Xbox One.

A história do jogo conta com um grupo de americanos que viajam para o sul do Oceano Pacífico em férias. Com a chegada de uma tempestade, eles se veem presos em um navio fantasma, onde sobrevivência é a única palavra-chave.


Em uma jogabilidade em terceira pessoa, o jogador pode controlar seis personagens do jogo, os principais da história. Man of Medan inova e traz três tipos de game play: o solo play, em que você joga toda a história sozinho, o modo “Noite de Cinema”, em que você pode compartilhar a história com outro jogador e o “História compartilhada”, um modo multiplayer online!

Os três modos seguem a mesma história, o que muda são suas escolhas e se irá jogar sozinho ou não.

Uma mesma fórmula mal executada


Depois de criar muita expectativa em cima de seu lançamento, a Supermassive parece ter apostado na fórmula de sucesso de Until Dawn e copiado para Man of Medan. E quando eu digo copiado, é literalmente!

Sabe aquele meme: “pode copiar, mas não faz igual?”. Pois é. Três anos de diferença separam os dois jogos, mas as mudanças não foram nada significativas entre Until Dawn e Man of Medan.

O terror segue a mesma premissa: uma narrativa em que as suas escolhas mudam completamente o rumo da história. Contudo, Man of Medan deixou a desejar no quesito enredo.

O que mais surpreendeu (negativamente) na narrativa foi a rapidez. Mal deu tempo de entender a história e se apegar aos personagens que o jogo tinha acabado. A impressão é que o enredo ficou cheio de pontas soltas e nada explicativo.

Foto: Divulgação

Tudo bem que a história é sobrenatural, mas mesmo depois de explorar os objetos e lembranças que estão no barco, o jogador ainda fica sem entender muito bem o que se passa no navio fantasma.

Os personagens têm personalidades fracas e não conseguimos conhecer suas histórias e motivações direito. Dessa forma, não nos apegamos, e quando eles morrem, não gera comoção.

Além da ter uma história ridiculamente curta, Man of Medan também peca na legenda, outro quesito que dificulta o entendimento do jogo.

Enquanto Until Dawn, jogo de 2015, conta com opções de jogo legendado e dublado, Man of Medan não se deu ao trabalho de pagar dubladores. Toda a história do game (tirando os menus) são em inglês, e as legendas são muito pequenas.

As letras pequenas não são reguláveis e fica impossível ler estando em uma distância considerável da tela da televisão ou computador. Isso é um problema fácil de corrigir com algumas atualizações, mas já mostra o pouco de importância que a desenvolvedora deu aos jogadores que não falam inglês. Zero.

Ao finalizar Man of Medan, a impressão que ficou foi que o jogo foi lançado sem estar finalizado, isso porque as legendas vêm com erros primários: estão dessincronizadas e às vezes vazam da tela.

A história tinha tudo para ser espetacular, mas o enredo fraco, personagens pobres de personalidade e o problema com o entendimento da fala derrubam o jogo.

Faz de novo, faz direito


Com todos os problemas no enredo e acessibilidade, Man of Medan continua pecando no quesito jogabilidade. Volto a reiterar que três anos é o tempo de diferença entre o atual e Until Dawn, mas parece que a Supermassive usou esses anos em vão.

Ao invés de novidades, vemos a mesma jogabilidade. Os mesmos controles servem para interação. Os totens que mostram previsões do futuro em Until Dawn foram substituídos por quadros (que mais atrapalham do que ajudam). Há uma tela de personalidade e nível de relacionamento dos personagens. Além disso, o jogo vai mostrando as escolhas feitas ao longo do jogo.

Foto: Divulgação

Tudo isso apenas com um visual novo, mas no mesmo esquema do jogo anterior.

E se tem algo que mudou em Man of Medan foram os quick time events. Geralmente, quando eles entram em ação no jogo são para momentos decisivos dos personagens, ou seja, ele morre ou sobrevive.

Em Until Dawn, mesmo errando uma vez, o jogo dava ao menos duas chances de acertar e manter o personagem vivo.

Agora, em Men of Medan, um quick time event errado pode ser fatal. É completamente irritante, pois o jogador está tão imerso na história, que quando aparece um “X” na tela, é natural não acertar de primeira.

E esse é só o começo das irritações em Man of Medan. Outra característica que aparenta ser um jogo inacabado é o jogo de câmeras. Cortes brutos e aleatórios podem deixar o jogador zonzo e até sem entender o que aconteceu na cena anterior.

Foto: Divulgação
Além disso, o jogo sofre com travamentos e alguns bugs simples, como você poder atravessar a cabeça do personagem dependendo de onde a câmera está.

Mesmo sendo muito explicativo com os botões de execução e movimento, além de contar com gráficos fora de série, tudo isso fica em segundo plano devido aos problemas citados acima.

Quando o assunto é trilha sonora, o jogo basicamente conta com músicas para te deixar tenso (e faz isso com sucesso!). A música te insere na história, mas também se perde na sequência de erros na narrativa.

A quarta barreira


E se você ainda não acredita que Man of Medan foi uma cópia malfeita de Until Dawn, eu vou te dar mais dois motivos.

O jogo conta com um personagem não jogável, o Curador. Ele é uma espécie de interlocutor da história, dando dicas e conversando com o jogador. Muitas vezes, induzindo e analisando suas escolhas.

Isso te lembrou de algo? Se você pensou no psicólogo assustador de Until Dawn, você acertou. A semelhança é tanta que, além de quebrar a quarta parede e conversar com o jogador, o Curador ainda se assemelha muito ao psicólogo.

Foto: Divulgação

Vale ressaltar que a técnica da quarta parede é super legal e ainda pouco usada nos jogos, mas podia ter sido melhor pensada nessa hipótese para não se tornar mais uma cópia.

Por fim, Man of Medan se utiliza de muitos jump scares, completamente mal colocados e que acabam quebrando o ritmo da história. No final, esses momentos já ficam chatos e previsíveis, forçando o terror onde não tem.

Dessa forma, Man of Medan se mostra uma forma de manter o sucesso de Until Dawn, mas erra na mão e se torna um jogo mal estruturado e fraco, encobrindo qualquer qualidade em meio a muitos erros.

The Dark Pictures: Man of Medan

Supermassive (2019)



6.8


Gráficos: 8
Jogabilidade: 6
Diversão: 5
Som: 8

Revisado por:

Gabriela Gomes

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